Adevalmira Adão Felipe – Cumadi Ilinha

Mestra de Caxambu

“Na vida tem de conversar pouco e acertado”

 Observadora e de pouca prosa, Adevalmira Adão Felipe, a “Cumadi Ilinha”, é o esteio  do Caxambu Santa Cruz de Monte Alegre, um dos grupos mais tradicionais do Espírito Santo, com pelo menos 130 anos de atividade e cuja face mais evidente é a da irmã, a falante e exuberante  Maria Laurinda. Nasceu em 5 de junho de 1940, em Monte Alegre, distrito de Pacotuba, onde ainda vive.

No Caxambu Santa Cruz é “Cumadi” Ilinha quem toca o tambor maior que dá nome ao folguedo e que tem a função de “chamar” na roda de dança, sempre em torno de uma fogueira. Ela é a única mulher no Estado a comandar o caxambu. Foi levada a participar do grupo pelo avô, Mestre José Ventura, ainda menina.

Mas só começou a tocar tambor aos 15 anos. Depois não parou mais. Se depender do seu empenho, a tradição está preservada. Em família, já ensinou o filho Adão e o neto Cleuves a tocar o instrumento. Tem ensinado também outros jovens da comunidade que se interessam.

Ela conta que aprendeu a tocar tanto o caxambu (tambor maior) como o candongueiro (o menor) observando os mais velhos nas rodas de Monte Alegre. “Para bater o caxambu, qunto mais aquecido, menos força precisa”, ensina.  Reservada, “Cumadi” Ilinha é econômica na fala, mas precisa nas respostas. O Jongo é uma cantiga cheia de mistérios que tem que ser batida no ritmo certo”, enfatiza.

Certificada pela Lei Mestre João Inácio como Patrimônio Vivo de Cachoeiro em 2011, Adevalmira diz que o “Caxambu é uma alegria que os velhos deixaram”. E acrescenta: “É uma missão. Onde chamar, tem que ir”. Ela lamenta que a própria comunidade não valorize o Caxambu como supõe que deveria e se ressente, principalmente, da falta de interesse dos mais jovens.

Além de tocar os tambores, Adevalmira é o braço direito da irmã Maria Laurinda no Centro Espírita São Jorge, uma das mais tradicionais casas de oração do município. Lá se praticam rituais de Umbanda, considerados por pesquisadores de cultura popular como dos mais puros e autênticos.  Em 2011 ganhou o Prêmio Mestre Armojo do Folclore Capixaba.


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