Maculelê

A origem do maculelê

Introduzido no Brasil pelos escravizados africanos, sofreu forte influência indígena. Conta a lenda que em determinada aldeia africana um guerreiro cujo nome era Maculelê estando como seu único defensor, uma vez que os demais guerreiros de sua aldeia estavam em combate, sofreu um ataque de uma tribo inimiga, que tentava invadir sua aldeia.

Maculelê com apenas dois bastões de madeira, apresentando grande habilidade no ataque e na defesa afugentou os invasores, surgindo ai a tradição cultural da luta e dança maculelê.

Na África a luta era praticada com bastões denominados grimas, chegando ao Brasil começou a ser praticada dentro dos canaviais, as grimas foram substituídas por pedaços de cana de açúcar ou facões. Os cânticos eram entoados em iorubá, língua banto-angolana.

Apesar da origem estar vinculada ao orixá Oxossi, com as influências sofridas pelo catolicismo, a santa mais cultuada passou a ser Nossa Senhora dos Navegantes, também identificada na umbanda e no candomblé como Iemanjá:

Mas hoje é dia de Nossa Senhora,
Imaculada por todos nós,
Arandahê, ê, ê, arandahê, ê, a.

 

No Brasil, de acordo com a tradição oral, o folguedo teve origem em Santo Amaro da Purificação, na região do Recôncavo Baiano, sendo que seu maior mestre e difusor foi “Popó do Maculelê”.

 

A música

Os atabaques e as músicas comandam ritual do início ao fim. A primeira música é uma louvação onde os praticantes ouvem atentamente e respondem em coro:

Sou eu, sou eu, sou eu, maculelê sou eu,
Sou eu, sou eu, sou eu, maculelê sou eu,
Nós somos filhos de Cabinda e de Luanda,
A Conceição viemos louvar,
Ô lalaê ê ê, ô lalaê ê a.

 

No meio do ritual, cânticos populares que contam a história do maculelê trazem em seu bojo traços mistos da cultura indígena e africana. Ao final da roda a música mais cantada é:

Você bebeu jurema, (bis)
Você se embriagou.
Com a força do mesmo tombo,
Vosmiscê se alevantou.
Sai, sai ô boa noite meu senhor,
Sai, sai, ô boa noite minha senhora,
Sai, sai, ô boa noite pra Angola,
Sai, sai, ô boa noite pra Cabinda,
Sai, sai, ô boa noite pra Luanda.
(ao final da dança também podem ser usados nomes das pessoas que estão na roda)

 

Tradicionalmente apenas homens praticavam o maculelê, atualmente as mulheres são aceitas.

Os instrumentos utilizados são três atabaques: rum (grande), rumpi (médio), (pequeno), são os mesmos utilizados pelo candomblé.

 

A dança

O maculelê é uma dança guerreira de ataque onde são usados facões. Os praticantes entram no jogo de dois a dois em movimentos circulares das extremidades para o centro, batendo suas grimas ou facões. Um bate e o outro defende.

 

A indumentária

Quando praticado de maneira tradicional a indumentária do maculelê é uma saia de sisal e pinturas tribais na cor branca pelo corpo. Os homens se apresentam sem camisa e as mulheres com um top. Em Cachoeiro de Itapemirim, como o maculelê é praticado pelos grupos de capoeira, a roupa utilizada normalmente é a mesma da capoeira.

 

A festa

No município de Cachoeiro de Itapemirim não existe uma data específica para a festa do maculelê, uma vez que o folguedo é praticado juntamente com a capoeira. Normalmente os grupos apresentam-se durante os batizados dos grupos de capoeira.

 

O mestre

Para tornar-se mestre são necessários trinta anos de prática. É o mestre quem comanda a roda e dá todas as instruções para que ela aconteça. É ele quem puxa as músicas e também quem resolve qualquer contenda que possa acontecer entre os lutadores.

 

As informações sobre os folguedos aqui transcritas nos foram passadas pelos mestres Aldeci Gomes da Silva – Falcão, do Grupo de Capoeira Agogô de N’zambi, Diogo Sant’Ana Fardin – Bulldog, da Associação Cultural Mocambos Capoeira e pelo instrutor Joadir de Oliveira – Nego Show Associação de Cultura e Esporte Libertação.

 

Lista dos grupos de Maculelê

  • Grupo de Capoeira Filhos da Princesa do Sul
  • Grupo de Capoeira Navio Negreiro
  • Grupo de Capoeira “A Capoeira”
  • Grupo de Capoeira Mocambos
  • Grupo de Capoeira Libertação
  • Grupo de Capoeira Agogô de N’zambi

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