Puxada de Rede

A origem da Puxada de Rede

A puxada de rede é um ritual de celebração ao dia de Iemanjá, também identificada como Nossa Senhora dos Navegantes. Segundo a tradição oral sempre no dia dois de fevereiro, quando os escravizados eram obrigados pelos feitores a ir pescar, durante o trajeto da senzala até o mar, eles iam cantando versos em forma de oração pedindo que Nossa Senhora que lhes desse êxito na pesca para que eles não voltassem de mãos vazias e assim, não fossem castigados pelos feitores.

Em Cachoeiro a tradição da puxada de rede chegou junto com os escravizados das fazendas litorâneas que, após a decadência do cultivo da cana de açúcar, foram transferidos para as fazendas de café ainda no século XIX, quando a cultua ganhou força na região. Mesmo com a distância do mar os escravizados continuaram praticando a puxada de rede, não somente em louvor à Iemanjá, mas em memória aos sofrimentos de seus antepassados. Atualmente a prática se dá juntamente com os grupos de capoeira, em especial o do Grupo de Capoeira Agogô de N’zambi.

 

A música

As músicas são sempre em louvor à Iemanjá, fazendo menção à ela como “Rainha do Mar” ou à “Mãe Sereia”, mas também mencionam Nossa Senhora dos Navegantes, também identificada por eles como Iemanjá. As músicas são acompanhadas por dois ou três atabaques de sons diferentes.

Eu vou pro mar para jogar a minha rede,
E muitos peixes eu quero pegar,
Eu vou pedir a minha mãe sereia,
Que é pra ela me ajudar,
Sou pescador moro nas ondas do mar, (bis)
De longe eu vi uma jangada balançando,
Ai eu fiquei pensando o que é que tinha lá,
Uma sereia ela dizia assim:
Venha logo pescador, venha pra perto de mim. (bis)

 

O ritual

Por tratar-se de um ritual profano-religioso a performance da puxada de rede remonta os movimentos de lançamento e puxada de uma rede de pesca e também de cata e transporte dos peixes. São movimentos simples e coreografados onde somente os homes podem participar.

 

A indumentária

Os homens usam apenas calças compridas brancas, dobradas na canela, com chapéu de palha de aba longa. Elementos importantes são a corda de sisal e a rede como forma de representar da pescaria dos escravizados no mar.

 

A festa

O folguedo tem seu principal evento no dia de Iemanjá que é o mesmo dia de Nossa Senhora dos Navegantes, dois de fevereiro. Registros antigos do folguedo dão conta de grupos que nessa data seguiam até a Barra de Itapemirim, hoje município de Marataízes, para participarem da procissão marítima que acontecia todos os anos. Atualmente, como a puxada de rede é praticada juntamente com a capoeira, as representações costumam acontecer juntamente com os batizados dos grupos.

 

O mestre

Como é muito pouco praticado em Cachoeiro, a estrutura convencional de mestres que têm como função repassar os conhecimentos para os demais brincantes não existe, o que acontece normalmente é que os conhecimentos são repassados pelos mestres de capoeira.

 

As informações sobre a puxada de rede aqui transcritas nos foram passadas pelos mestres Aldeci Gomes da Silva – Falcão, do Grupo de Capoeira Agogô de N’zambi, e pelo instrutor Joadir de Oliveira – Nego Show Associação de Cultura e Esporte Libertação.

 

Lista dos grupos de Puxada de Rede

  • Grupo de Capoeira Agogô de N’zambi

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