Geralda Nogueira Calixto
Data de nascimento: 08/08/1944
Filha de Maria Tereza Nogueira e Ceveriano Nogueira, Geralda nasceu e foi criada na comunidade de Mangueira, entorno do Quilombo Monte Alegre. Seus pais comandavam um importante centro espírita na comunidade, do qual Maria Tereza era a mãe de santo e Ceveriano era o presidente da mesa.
Ainda muito jovem, casou-se com um marido muito mais velho, e até a sua morte foi responsável pela criação de seus 5 filhos e pelos cuidados da casa. Ela e seu marido eram meeiros: faziam cerca, derrubavam a mata para abrir espaço para a plantação e plantavam algodão, arroz e milho.
Com a morte do primeiro marido, passou a trabalhar na roça e casou-se novamente, agora com Felício Filho Mantoan, tendo se mudado para uma casa que ficava no meio da mata. Lá morou por 20 anos, trabalhando como colona de Valdeir Figueira, até que, em 2003, mudou-se para Monte Alegre. Quando chegou ao quilombo, logo começou a participar do Caxambu Santa Cruz, comandado pela mestra Maria Laurinda Adão.
Apesar de ter iniciado no grupo de caxambu Santa Cruz apenas em 2003, Geralda teve o primeiro contato com o folguedo ainda criança, na comunidade de Mangueira. Seus pais tinham um grupo, mas naquele tempo as crianças não podiam entrar na roda. Caxambu era coisa só de adulto, mas, ao lado da roda dos pais, as crianças faziam sua própria roda e ficavam brincando de caxambu. Em determinado momento, a mãe interrompeu as atividades do grupo e ficou apenas com o centro espírita, mas nele os pontos do caxambu também eram tocados com os tambores. Com a morte da mãe, as filhas não quiseram “pegar” o centro e ele acabou sendo fechado.
Com o tempo, ela se converteu ao catolicismo, mas seu compromisso com o caxambu se mantém até hoje. Atualmente, em função da artrose, ela não consegue mais exercer sua atividade de costureira e nem dançar na roda de caxambu, mas ajuda na cantoria. Ela segue o grupo em todas as suas apresentações, mas ultimamente tem sido muito criticada pelos evangélicos. “Eles fazem tudo para nos atrapalhar, mas não vamos desistir da nossa tradição”, destaca a mestra.
Texto produzido a partir de entrevista concedida por Geralda Nogueira Calixto a Genildo Coelho Hautequestt Filho, em novembro de 2023.