Heberton da Costa

 

Data de nascimento: 16/09/1984

 

Filho de João Batista da Costa e Sueli Isabel Simonato da Costa, Lico – como Heberton é mais conhecido entre os amigos – iniciou na folia de reis aos 12 anos de idade, acompanhando um grupo formado por jovens um pouco mais velhos do que ele. Era uma folia de brincadeira, que ainda não tinha instrumentos nem fardamento. Foi apenas em 1999 que a folia saiu pela primeira vez com os instrumentos, cedidos pelo mestre Areno Francisco dos Santos, mas ainda sem uniformes. Os uniformes só foram feitos em 2000, quando a folia foi convidada para o Encontro de Folias de Reis de Muqui. Com o cachê que receberam no Encontro, compraram seus primeiros instrumentos musicais.

Quando pequeno, os pais de Lico não o deixavam acompanhar as folias. Diziam: “isso é trem do capeta, você vai encontrar bicho na estrada!”. Mas, mesmo assim, ele saía escondido com os amigos da rua para brincar de folia. Para despistar os pais, as crianças saíam de dia, na própria comunidade de Burarama, onde moravam.

Na primeira formação da Folia de Reis Mirim de Burarama, como passaram a ser conhecidos após a participação no Encontro de Folias de Reis de Muqui, Heberton já era o palhaço, mas, como ainda era criança, não precisou fazer promessa para assumir essa função.

Os ensinamentos da função de palhaço ele aprendeu com os palhaços mais velhos, que moravam no entorno de sua comunidade. Porém, quando já era adolescente, quis assumir um maior compromisso: foi ao bairro Zumbi tomar os ensinamentos do lendário palhaço Saré, da Folia de Reis Estrela do Mar, à época ainda comandada pelo falecido mestre João Inácio. Foi Saré que o ensinou tudo a respeito das promessas e dos fundamentos das folias.

Entre 2005 e 2008, a agora Folia de Reis Missão Divina passou a sair sozinha, sem a presença do mestre Areno, e já com a nova configuração, que tinha Wilson Diniz Cecon como mestre.
Atualmente, além de compor a Folia de Reis Missão Divina, também ajuda, quando convidado, na folia de Seu Zezinho Inácio, de Muqui, e de Seu Mauro Lúcio, de Rive, em Alegre.

Para Heberton, “folia de reis é uma religião, é uma coisa boa, é uma missão”. Todo ano, ao final do ciclo natalino, ele diz que vai parar, mas, quando chega o mês de dezembro, é como se uma força maior que ele o puxasse para o comprimento de mais uma jornada.

Hoje sua filha Hevelin Santos da Costa quer sair na folia, mas ele ainda não deixa. Diz que ela só poderá sair quando fizer 15 anos, porque folia é um compromisso muito sério; não pode assumir um compromisso desses e simplesmente parar depois, no meio da jornada. O compromisso inicial é de 7 anos e não pode ser abandonado no meio, por isso segura a filha, até que ela tenha uma melhor compreensão do que realmente deseja. Mas isso não a impede de acompanhar o pai nas jornadas.

Sobre o futuro, Heberton diz que está chagando o tempo em que as folias só farão apresentações culturais, não terão mais casas para entrar e cantar, como manda a tradição. Agora existem muitos evangélicos em Burarama, e eles criticam essa tradição, dizendo que é “coisa do diabo”. “Pura ignorância deles, pois a folia canta o nascimento de Jesus! Parece que o Jesus deles é diferente do nosso!”. Ele também se ressente da falta de apoio da Igreja Católica: “Se eles nos apoiassem mais, essa tradição não se acabaria nunca”, destaca Heberton.

 

Texto produzido a partir de entrevista concedida por Heberton da Costa a Genildo Coelho Hautequestt Filho, em novembro de 2023.

 

 


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