Neuza Gomes Ventura

 

Data de nascimento: 09/05/1953

 

Filha de Maria Ferreira Vicente e Manoel Gomes, Neuza nasceu na comunidade de Barro Branco, distrito de Conduru. Com 10 anos de idade, mudou-se com sua mãe para a comunidade de Mangueira, e acabou de ser criada por Maria Tereza Nogueira, mãe de sua madrinha de centro, Geralda Nogueira Calixto.

Em Mangueira, frequentava o centro de Maria Tereza e também brincava de caxambu com as crianças da comunidade, em especial nas noites de lua cheia quando os adultos costumavam fazer suas rodas. Naquele tempo, crianças não podiam entrar nas rodas de caxambu.

Ainda bem cedo, casou-se com um homem bem mais velho e tornou-se mãe de 11 filhos, sendo que, desses, Maria Laurinda Adão é mãe de umbigo (ou seja, fez o parto) de 7. Os outros 3 ela teve no hospital, e 1 ela perdeu antes de se formar. Em 2006 ficou viúva, mas, bem antes disso, seu marido teve um derrame e não pôde mais trabalhar. Por isso, Neuza teve que se desdobrar para criar seus 10 filhos vivos. Trabalhava como cargueira de animais, para levar a cana cortada (que era transformada em melado e rapadura) para o engenho. Trabalhava também no plantio e na colheita da cana e do café, juntamente com seus filhos ainda muito jovens.

Desde que chegou a Monte Alegre, em 1965, começou a participar do grupo de caxambu Santa Cruz. Hoje, em função dos problemas de saúde em suas pernas, não consegue mais dançar, mas participa da roda ajudando a cantar os jongos. “Em nome de Deus, nunca vou deixar Maria sozinha. Só vou parar de acompanhar o caxambu quando eu morrer!”, diz Neuza. E continua: “Só saio de casa para ir à igreja e às rodas de caxambu. Gosto do caxambu, porque é um divertimento. Da minha parte, o caxambu nunca vai acabar, nem que seja com um ou com dois eu faço a roda. Mas se Maria Laurinda faltar, não sei se o caxambu vai continuar. Depois que crescem, os jovens se afastam. É só aprenderem a amarrar sozinhos as calças que os meninos somem do caxambu e da igreja”.

 

Texto produzido a partir de entrevista concedida por Neuza Gomes Ventura a Genildo Coelho Hautequestt Filho, em novembro de 2023.


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