Pedro Paulo Caetano – Paulinho

Mestre de Caxambu

“Tudo é aprender. Ser mestre é saber guardar o passado”

Nascido em 29 de junho de 1951, numa família de muitas mulheres, fortes e falantes, Pedro Paulo Caetano aprendeu desde cedo que o segredo da harmonia é ouvir muito e falar na hora certa. Mestre jongueiro há 35 anos, o silencioso Paulinho tocou tambor pela primeira vez aos sete anos de idade. No Caxambu Alegria de Viver, da comunidade de São Sebastião de Vargem Alegre, tem a função de tocar os tambores, cantar e fazer jongos.

Na juventude Paulinho deixou Vargem Alegre para trabalhar inicialmente em Cachoeiro, depois em Vitória e até no Rio de Janeiro. Mas a ligação com o lugar onde viveram os antepassados falou mais alto e ele voltou. Hoje trabalha na lavoura e juntamente com os irmãos Hyldo, Canuta e Ormy, cuida de manter vivo o Caxambu. “A gente permanece ligado onde nasce. Aqui tem sossego e tranquilidade”.

Saudoso de um tempo em que havia mais diversão, menos violência e mais tempo para a convivência, Paulinho vê com preocupação a ameaça de esvaziamento do Caxambu. “As pessoas se consideravam mais. Daquele tempo sobrou apenas o Caxambu que se mantém graças aos mais velhos. A gente até tenta ensinar, mas não tem a quem passar”, diz, lamentando o desinteresse dos jovens.

Um dos mais importantes mestres jongueiros do Espírito Santo, Paulinho foi reconhecido como Patrimônio Vivo de Cachoeiro em 2012. Assim como os irmãos, aprendeu a tocar os tambores centenários observando os mais velhos nas animadas rodas da dança que aconteciam em frente à casa da família, mesmo lugar onde se toca e dança hoje.

Além de comandar os tambores do Caxambu Alegria de Viver, Paulinho exerce funções de liderança na comunidade, conhecida também pela forte devoção católica a São Sebastião. “A gente precisa ter fé e ir se adaptando, mas é triste ver que não há interesse em manter a nossa cultura”.

De sorriso fácil, Paulinho é capaz de trocar o costumeiro silêncio pela eloquência verbal ao rememorar histórias de seus antepassados, “causos” vividos ou narrados, como o de pessoas “amarradas” na roda, numa teia de acontecimentos, símbolos e significação na qual busca conferir sentido e identidade à própria existência.

 

 


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